terça-feira, 6 de janeiro de 2009

'Humildade'


'Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza, tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o
que podia ter

e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que
começa'.


(Cora Coralina).


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